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Empreendedorismo

#46 – Crowdfunding de investimento: uma forma eficiente de investir em startups | Entrevistada: Camila Nasser

Adriano Martins Antonio 12 de novembro de 2021 979 147 5


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Quando o assunto é investimento, muitas pessoas optam por ir pelo caminho mais seguro, ou seja, garantir ações de empresas já consolidadas no mercado, mesmo que o retorno financeiro nesse sentido seja pequeno em um primeiro momento. Por outro lado, hoje já temos opções que se mostram cada vez mais interessantes, como o crowdfunding de investimento em startups promovido pela Kria. 

Para falar sobre esse novo mindset de investimentos e provar que o crowdfunding de investimento é uma forma eficiente de investir em startups, conversamos com a CEO da Kria, Camila Nasser.

No início da entrevista, Camila responde qual é a diferença entre vaquinha virtual, financiamento coletivo e investimento coletivo. Ela explica que no caso da vaquinha, estamos falando de uma doação ou ajuda para desenvolver um produto. Por outro lado, o investimento coletivo, cada investidor seleciona sozinho a sua oportunidade. É uma oportunidade de investir para que você se torne sócio de um negócio.

Sobre a trajetória da CEO, que hoje tem 27 anos, ela conta que, quando mais nova, decidiu ingressar na faculdade de Administração Pública. Nasser revela os motivos para ter deixado o curso após apenas 4 meses: “eu estava sentindo o meu potencial criativo sendo danificado”. Foi aí que ela migrou para a comunicação, buscando “mudar o mundo”, algo que ela sempre desejou. Foi quando elaborou o Kria, em 2014, em parceria com Frederico Rizzo.

Camila também responde se é possível ser sócio de uma startup investindo pouco e participar do alto retorno que uma startup geralmente alcança. “Tem muita startup legal que vai te dar um retorno incrível, mas você não vai ter o retorno de 1000x (daquilo que foi investido”.

A partir daí, Camila conta como funciona a plataforma do Kria: “Investir com o Kria é participar dos primeiros IPOs das empresas, é uma oferta pública de uma empresa privada”. Sobre o ecossistema do site, a CEO diz que o objetivo é deixar os empreendimentos mais acessíveis para possíveis investidores, furando a bolha tradicional.

Nasser também deixa claro que, apesar do crowdfunding ainda não ser legalizado na época em que o Kria foi criado (2014), ela diz que a empresa encontrou uma forma de ofertas públicas para empresas. “O papel do empreendedor e do mercado é inovador, e o regulador precisa sair correndo atrás. Precisa existir uma inovação prévia à qualquer regulamentação”. Ela lembra também que o crowdfunding deu tão certo, que após três anos a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) regulamentou o mercado, e em 2020 ela já estava propondo mudanças de melhoria no crowdfunding.

E qual é a diferença entre o Private Equity, o Venture Capital e o fundo de investimento? Camila responde: “As plataformas de fundo investimento estão inseridas tanto nesse mundo do Private Equity, quanto do Venture Capital.” Ela também complementa, dizendo que o Private Equity ainda está muito focado na tecnologia, enquanto que o Venture Capital busca negócios em estágios embrionários.

Nasser também conta quando você pode obter algum retorno no caso das startups. Isso pode ocorrer quando o negócio é adquirido por algum player estratégico, quando há fundos maiores investindo na empresa ou quando as startups abrem um IPO na bolsa. Além disso, ela também explica que na saída do investimento, o investidor vai ter como retorno uma porcentagem do que a empresa vale naquele momento.

Perguntada sobre se os mini IPOs um dia vão equilibrar as small caps da bolsa de valores, Nasser responde: “O Equity Crowdfunding é um mercado que evoluiu muito, e agora estamos à espera de uma mudança na CVM que faça com que empresas maiores possam captar investimentos”. Assim, ela ressalta que existem limites para empresas que querem participar dessa captação de investimentos.

Camila também revela alguns dos motivos que a levou elaborar o Basement, plataforma para gestão de stock options e cap tables: “Nosso sonho para o mercado de capitais é um sonho para donos e donas, que participem ativamente dos negócios.”

Nasser também é uma grande defensora da diversidade no mercado de investimentos. Questionada sobre a importância disso, a CEO da Kria é direta: “Se temos diversidade na tomada de decisão de investimento, com pessoas que entendem diferentes contextos sociais, temos melhores tomadas de decisão”. Além disso, ela diz que se essa diversidade não acontece, geramos uma bolha na entrada de oportunidades.

Voltando a falar sobre a plataforma, Nasser diz que há vários detalhes que a Kria oferece, incluindo a oportunidade de participar de reuniões com os investidores, através de Webinars. A Kria lida com os investidores e com os empreendedores, e para ela, é difícil apontar qual relação é mais difícil de estabelecer. “Para o empreendedor do nosso portfólio, temos que tentar melhorar e gerar mais valor. Enquanto isso, para o investidor, o grande desafio é a governança. Precisamos de governança para que os investidores tenham transparência do que está acontecendo.”

Nasser compreende Governança como um conceito amplo. Para as startups, a CEO diz que uma Governança será menos restritiva, mas que ainda assim ela deve existir.

Camila também conta que a Kria vende a sua tecnologia para outras plataformas de ativos alternativos. Nesse sentido, a empresa consegue acessibilizar investimentos alternativos, como na área florestal, de arte, entre outras. 

Por fim, Nasser revela qual é o propósito da Kria para os próximos anos: “Tornar o mercado de capitais mais democrático. E, se eu puder ser mais ousada na minha resposta, é visualizar um capitalismo mais equilibrado. Se conseguimos redistribuir a geração de valor e trazer mais pessoas para ser donas de negócios, nós estamos de alguma forma tentando equilibrar o capitalismo.”

Ela também deixa um recado para quem quer investir: “Se você esperar uma empresa abrir capital na bolsa para investir nela, você está perdendo a maior geração de valor desse negócio. Se você quer participar da maior geração de valor e de impacto, participe do mercado privado e do investimento em startups, negócios que você acredita que vão proporcionar uma boa evolução social para o mundo.”

Ouça a entrevista na íntegra!

Este podcast é um oferecimento da PMG Academy e é patrocinado pela BRQ Digital Solutions.

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